Olhando de perto, a humanidade tem suas alucinações. Todo mundo vive na beira do abismo, buscando iscas para pescar respostas definitivas, com o intuito de provar que algo está extremamente errado, ou algo precisa ser mudado, ou você precisa fazer alguma coisa, ou você precisa urgentemente ser o que ainda não é. Quem sabe você precisa se livrar de algum relacionamento ou de um objeto inconveniente, antes que seja tarde.
Cansado da pescaria, o homem observa a grandiosidade do abismo e percebe que o mundo aceita mudanças grandiosas. Ao ver tudo isso, de mãos vazias, ele passa a acreditar ser grande como o mundo e passa a promover mudanças extraordinárias, promovendo destruição e exploração primitivas. Desumaniza a si próprio, humaniza as máquinas, cava o infinito do solo em busca de algo que o leve às profundezas do cosmo, agredindo a veia da terra com lixo atômico. Inventa microorganismos que controlarão o excesso ameaçador da população que cresce descontroladamente. Fabrica o que não precisa para nos convencer da necessidade das inutilidades, como garantia de empregos e sobrevivência.
Sua energia total deixa de atender ao todo da vida e passa a ser desperdiçada em julgamentos e atitudes de controle, atendendo aos comandos não investigados do sistema e da sociedade organizada. Organizada por quem, para quem? Assim você deixa de ser parte do todo e passa a servir um grupo ou uma parte do todo. Passa a ser usado, sem se dar conta de que o seu algoz se diverte com as suas incongruências, sem se dar conta de que virou número. Cada ser foi autorizado oficialmente a produzir e reproduzir suas próprias alucinações. Sem perceber, o homem acaba sendo pescado pelas profundezas do abismo que ele mesmo criou.
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