Intrusão é uma característica marcante dos seres humanos. Tanto a fofoca e a curiosidade quanto a manipulação e o controle de pessoas sinalizam o poder invasivo do intrometimento, comprometendo relacionamentos e negociações de potencial para o sucesso.
Há várias formas de intrusão, algumas facilmente identificáveis, outras nem tanto. Perguntar ou espalhar informação pessoal de alguém, sem o consentimento delas, é a forma mais comum. Em cidades de porte pequeno se diz que ninguém precisa tomar conta de si pois a cidade toma.Em vez de tomarem conta da própria vida, algumas pessoas preferem colocar o nariz onde não são chamadas, com palavras ferinas e calúnias. Por isso se diz também que palavra corta.
Conversas agressivas, afirmações generalizadas e falar alto em público nem sempre denotam problemas de audição. Observe como os adolescentes falam alto em lugares públicos, numa fase tão conhecida de definição da identidade. Conversa de bar também, onde cada freguês quer ser dono da verdade sobre o futebol. Ninguém gosta que aluguem o seu ouvido para dizer coisas que não são de seu interesse, muito menos aos gritos. Ataques violentos também são formas de intrusão, desta vez no plano corporal, visando a queda do adversário. A violência baseia-se na anulação do outro pelo espaço físico, na remoção do centro de referência do outro para que o agressor seja visto, temido ou respeitado. Muitas vezes a intimidação prenuncia os ataques físicos no reinado da manipulação dos mais fracos.
A linguagem corporal é uma forma sutil de intrusão. Há pessoas que não sabem conversar sem tocar nos seus braços, várias vezes, sem perceber que você está se irritando com isso. Outras, na mesa de jantar, empurram o prato delas na sua direção para conquistar não só mais espaço na mesa, mas também na conversa. Na rua, pessoas trombam contra si como se você fosse totalmente invisível. Sutil ou explícita, a intrusão é falta de inteligência espacial de quem não sabe se colocar no seu lugar, ou tem dificuldade para incluir o outro, positivamente, em seus territórios pessoais.
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