quinta-feira, 18 de novembro de 2021

FRAGMENTOS DE UM POEMA PERDIDO

 

Faz tempo que a gente não se encontra. Há tanta coisa por dizer que até esqueci. Tanta coisa para compartilhar que nem sei mais o que é imprescindível. Tempo não, faz uma eternidade que você se foi, como se eu tivesse perdido minha importância e não fizesse mais falta a minha falta. Daquilo que sentia e virou navalha, faço questão de cicatrizar, mas daquilo que me adoçava e bebia aos canecos, dói não ter mais. O quarto já não é mais o mesmo, o coração mudou de música, a lágrima atrasada nem sabe para onde correr, coitada. Meus endereços de passado nada tem em comum com o que há de vir, foram selados e jogados no bueiro de meus medos, sem saber da existência dos mares. Meus endereços de futuro sonham novos destinatários. Sabe aquela roupa que eu vestia e você gostava? Doei...Sabe aquela palavra que era só nossa? Nunca mais será dita, pois era resultado de nossas línguas trançadas. Sabe o seu vazio? Confundiu-se com o que sobrou de mim. Faz tanto tempo, ou melhor, faz uma eternidade que a memória fossilizou seu nome... na retina de meus olhos.

 


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