Hoje busquei o que me
faltava. Na verdade, queria mesmo era me reencontrar, saber se a manhã do
amanhã me aguardaria perto de um violão. Queria visitar o vazio sem nele me
desenhar, andar de navios sobre o papel carbono, soltar fogo pela pele fria e
calar o que não se fala jamais. Foi por isso que não estava no chão o que eu
procurava. Nem no corpo. O silêncio pediu pedras e com elas me feriu
devagarinho nas correntes da noite. A verdade me apontou a estrada. A manhã
prenunciou abandonos. O vazio despiu meias palavras. Os navios sonoros viraram
pinturas na parede. O fogo apagou. O silêncio fugiu para o ninho. As pedras,
nem sei quem atropelaram na noite escura. Mais um muro foi erguido por uma faca
sem sonhos. O que falta ainda me dói ao longe. Agora procuro incessantemente
pelo agora, assim não mais buscarei quem me faltava antes de ir embora.
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