Quando a razão falhar, quando a esperança se desvanecer, quando o outro desaparecer ou o amor demorar, é preciso esquecer que existe um dentro e um fora, é necessário sair da trama da confusão, colocar a cabeça para descansar e acionar o socorro do coração.
O fato de buscarmos respostas no passado ou incógnitas no futuro não vai acordar o presente. Mesmo que o ego insista em querer se mostrar superior ao tempo e ao espaço, ele vai aumentar as tramas de nossa percepção impedindo a lucidez sobre a realidade. Cegos pela mente, corremos o risco de nos afogarmos na repetição das estórias criadas. Sentir-se perdido é procurar em vão por si mesmo.
Ao prestarmos mais atenção no momento presente, ouvimos as batidas revigorantes do coração emocional e nos abrimos para a chegada triunfante da vida. Em cada instante pulsa o universo silencioso e interminável. Cada momento é cheio de graça, pleno de riquezas, insondável em seus mistérios. Cada instante é perfumado de um azul sublime, habitado por um sorriso anjélico, traduzido por sinos de algum lugar inexistente. Cada momento é cheio de milagres, mesmo que a rede não alcance o fundo do rio, mesmo que a teia seja beijada pela gota de orvalho, mesmo que o sol teime em dormir mais um pouquinho. Cada instante denuncia sua própria majestade se as vozes se calam para o canto dos quartzos, se o dia se despe para a glória das esmeraldas e se a noite se recolhe para os sonhos dourados. É no momento presente que as possibilidades sorriem escancaradamente, desaguando na consciência elevada o que sobrou da passagem recente de Deus pelos quintais de nosso coração. Nosso jardim interior floresce mais uma vez.
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