quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A BELEZA DE SE ESTAR VIVO

O mal do século 21, a depressão, que hoje assola mais de 30% de toda a humanidade, reflete em si a perda de valores humanos e o materialismo reinante, na vida contemporânea, que tanto afasta as pessoas em nome da autonomia e do egoísmo. Seja protegendo uma tradição, um segredo, uma moral, uma dependência emocional, uma teimosia, uma forma de vida ultrapassada ou um conceito vencido, uma alucinação ou a repetição de uma estória obsessiva, o depressivo encontra-se num movimento de introspecção sem fim. Ele se esqueceu da pulsação característica dos movimentos de vida e adotou os movimentos de morte. O depressivo desistiu de crescer.
A cabeça humana funciona como uma panela de pressão, a qual depende de uma válvula de segurança para não explodir. Esta válvula é o perdão. Quem não perdoa acumula toxinas do ódio, da vingança e da culpa, comprometendo a própria saúde física. Indignados com um evento ocorrido, teimam em não querer aceitar o direito de escolha de outras pessoas mais próximas. Negam a realidade indesejada como se ainda tivessem controle sobre tudo e sobre todos. Aos poucos vão se esforçando para comprimir as emoções tóxicas de forma concentrada, acreditando que vão vencer as circunstâncias que julgam ser inaceitáveis. Para cair em depressão é preciso todo este esforço diário de resistência contra a realidade dos fatos.
Para descomprimir a pressão criada, antes que alcance um território de desequilíbrio mental e internamento psiquiátrico, o depressivo necessita admitir que nada pode fazer para mudar o passado, bem como voltar a acreditar no futuro ao estabelecer novas metas de convivência saudável. Sem esta abordagem, nenhum medicamento será suficiente. Sem esta atitude consciente não poderá retomar o crescimento pessoal, pois um dos pilares da depressão é exatamente a falta de consciência de algo importante e vital nas interações humanas. Adquirida tal consciência, o paciente poderá lançar-se na busca de relações mais amorosas para derrubar o segundo pilar do desamor. De volta à vida, terá forças para desafiar ou neutralizar o terceiro pilar da proibição instaurada contra a vontade, retomando a força volitiva do querer que se abraça à perseverança e à esperança. Finalmente é possível respirar novamente e voltar a contemplar a beleza de se estar vivo.

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