terça-feira, 20 de setembro de 2011

QUANDO PENSO EM DEUS

Para despertar não é preciso nenhum esforço. Aqueles que estão se esforçando muito, estão se decepcionando. Muito dos esforços são mentais, ou de ordem disciplinar com rigidez, ou elitistas, inconscientes, egóicos. Outros esforços se dão movidos pela busca insaciável de significância. Parece que existe uma fila de espera para despertar.
Quando parei de me esforçar, esperar com data marcada, trabalhar, praticar, foi aí que andei mais rápido. Antes eu estava preso aos rituais até compreender que unidade, ou oneness, é coisa da mente e despertar é coisa da consciência, dois reinos completamente distintos. Essa foi minha grande sacação. Abri mão de tudo isso, confiei e me entreguei ao processo, alinhando-me com o natural. Foi então que a energia não avistou mais o meu ego e expandiu em mim. Deixei de lado as cerimônias complexas de respiração controlada, os pensamentos, as expectativas e o desejo de despertar. Hoje sigo em frente doando Dikshas e iniciando pessoas, ensinando o pouco que sei e que pode ser muito para quem nada sabe. Quando acessamos a consciência, ela se manifesta em sabedoria. Joguei fora todo preconceito sobre o processo, ai o processo me encontrou cara a cara.
Hoje, quando penso em Deus nesta nova forma de relacionamento com Ele, livrei-me das formas, pois não tem mais a pessoa que o vê. Tem energia divina, existência, consciência, tudo imensurável. Ela é a minha não-existência que me torna vivo para que a existência se manifeste inteira. Perdi há muito tempo o medo de ser nada, enquanto a maioria das pessoas ainda busca a fama e o reconhecimento, ficando amarradas por sua auto-imagem ao identificarem-se com ela.
Se eu pegar uma gota do oceano e lhe der, você não terá o oceano em suas mãos. Se você entrar no oceano, você não terá o oceano em suas mãos, mas o oceano terá você dentro dele. Assim acontece com as Dikshas. A energia Diksha não é tudo. Ela pode ser comparada com o diploma universitário. Parece apenas um documento, um papel, mas o valor dele é o que fazemos com ele na hora de procurarmos emprego ou trabalho. O oceano é a consciência. As Dikshas tornam-se mais fortes proporcionalmente à consciência adquirida. A consciência é a Diksha em si sem o ritual e sem a intenção de doar, de fazer, de esforçar.
As vezes me identifico e fico observando os pensamentos de insegurança. De vez em quando existe uma pontinha de ego perguntando para onde esta consciência vai me levar, para onde ela está caminhando. Aí ela responde que não caminha para lugar algum e que eu é que me iludo com o caminhar. Aí eu rio e me acalmo porque sinto uma certeza infinita, uma mão divina a conduzir a Humanidade. O trigo era separado para um lado e a erva daninha para o outro. Agora tudo se mistura novamente, mas de uma outra maneira, sem julgamentos, e não é mais preciso descartar a erva que sobrou da purgação. É a redenção de toda culpa, a misericórdia imperando, o amor prevalecendo como regra ou única forma de existência. A memória apagada da Humanidade, o fim do amanha, o fim do ontem. É isso o que sinto agora.

Nenhum comentário: