terça-feira, 13 de setembro de 2011

RELACIONAMENTO POR CONVENIÊNCIA

Há muitos casais no mundo moderno que baseiam seu relacionamento conjugal nas aparências, movidos pela força da negação da realidade. Como existem muitas feridas para serem curadas, simplesmente abrem mão da reconciliação possível e dormem em camas separadas, abstendo-se da companhia do outro, pensando e declarando seus posicionamentos diferentes a céu aberto, mas ao mesmo tempo aparentando uma união discreta e fria, ora elogiando o parceiro para os outros, ora elogiando o próprio sacrifício e bondade ao suportar o parceiro indiferente.
Tais relacionamentos vivem mais pelas promessas feitas antes do casamento, permitindo o definhamento da relação quando elas não são cumpridas, do que pelo amor que outrora existiu esperançoso. Sua estrutura não é mais sentimental. Mudou-se para os reinos da tradição, dos costumes, da moral religiosa, das exigências paternas em dinâmicas familiares, vivendo e mantendo uma mentira de família feliz. Tudo em nome dos filhos, coitados, pois eles precisam de pais mentirosos, manipuladores, calculistas, fingidos, nervosos, depressivos ou ausentes para serem felizes um dia.
Estes casais perderam qualquer senso de responsabilidade individual ou mútua e passam a vida culpando-se mutuamente por tudo que deu errado na família. Insensíveis, não reconhecem que estão causando mais mal do que bem aos próprios filhos. Até que um dia se dão conta de que um filho se dá mal em vários casamentos, uma filha se afasta dos homens porque são todos iguais, outro filho esconde o fracasso de sua própria relação matrimonial e os repete silenciosamente. Os casamentos por conveniência sufocaram a espontaneidade e a criatividade, matando o mistério positivo  tão necessário para a realimentação de um relacionamento saudável e duradouro.

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