Viajar de avião é sempre uma experiência desafiante.
Ser colocado dentro de uma lata de sardinha, comportar-se como soldado diante
do Major da tropa, fingir que está prestando atenção nas demonstrações de
emergência apesar do medo oculto de que o avião possa cair, tudo isso será
transformado mais tarde em narrativas familiares. Quem conta um conto, aumenta
um tanto. Quem decola, sempre descola um certo drama. Quem aterriza, sempre se
borra de alívio por chegar vivo ao chão. Enquanto eu viajava, eu passeava dentro
das artérias e veias da Humanidade. O avião somos todos nós. A vida é esta
grande viagem arriscada. O ar é o tempo necessário para encurtar distâncias,
mas o chão é nosso berço estável. Voar é predicado da imaginação. Partir e
chegar é consequência de nossas escolhas. Medo e nariz, cada um tem o seu. O Piloto
não é deste mundo. Os passageiros são aqueles que cruzam nosso caminho. A torre
de controle é o princípio da incerteza. A experiência é proporcional a nossas
horas de voo... e a empresa aérea, ela só quer acreditar que existe vida após a
morte.
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