Na rua, pessoas deveriam ser apenas pessoas,
caminhando, levando suas vidas a seu modo, buscando silenciosamente por
respostas, preparando palavras doces para entregar ao amado, regando a saudade
de quem ama, planejando o resto do dia, mas não, na rua pessoas são ameaças,
mal intencionadas e vestidas de raiva, grosseiras e barraqueiras, automáticas e
frias, fingindo passos leoninos de olhares animalescos, donas da razão,
carregando granadas na boca, vazias de amor, estranhos interplanetários, ostras
esquecidas em orbitais de si mesmas. Na rua, pessoas não sabem mais o que
significa caminhar ao sol sem queimar outras pessoas, não sabem mais o que
significa enfrentar a noite sem serem enfrentadas pela violência urbana. Tudo
está ficando muito impessoal.
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