Enquanto eu aguardava meu voo, o tempo sem relógio
teimava em existir. Vidas eram suspensas de obrigações e rotinas, pessoas se
incomodavam com a saída da zona de conforto, casais revelavam impaciência em público
e trabalhadores cansados trocavam gentileza ou mau humor ao gosto dos clientes.
O medo de avião era silencioso, o deslocamento de malas era rápido como carros
em final de tarde, a desinformação sobre portões de embarque preocupava até aos
viajantes mais experientes. Passageiros desrespeitosos, querendo levar vantagem
em tudo sobre todos, furavam filas abertamente, esquecendo-se de que seus
assentos são numerados e todos voariam em conjunto. Idosos cadeirantes embarcam
primeiro, diante da ansiedade dos afoitos; depois vem os casais com crianças
pequenas, bloqueados pelos mais estressados; depois os passageiros das zonas 1
e 2, disputando espaço com os mais apressados das zonas 5 e 6. A chamada de
embarque revela muito de cada passageiro.
sexta-feira, 10 de novembro de 2023
ENQUANTO EU VIAJAVA (2)
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