Sei que não ando sozinho
nesta estrada vicinal. Nestes passos desencontrados, levo dentro de mim pessoas
que desconhecí ou que me incomodaram, pessoas que me abandonaram, pessoas que
engoli. Levo dentro de mim dores de cabeça das preocupações, dores de desarticulações,
dores de mal-me-queres. Levo dentro de mim o antigo amarrotado, o discurso
embolorado, o retrato amarelo em decomposição. Dentro de mim tem uma estrada,
uma jornada, uma procissão de descaminhos. Dentro de mim tem cheque sem fundo,
tem amor proibido, tem carências e pendências, tem o esgoto do mundo. Como
posso acreditar que meu corpo é todo meu e sou feito à imagem e semelhança do
seu eu? Sei não...
Nenhum comentário:
Postar um comentário