Ele não usava macacão
jardineira com suspensórios, apenas uma calça jeans, surrada pelos agachamentos
e ajoelhamentos, diante do sagrado das flores. Adorava ficar sem camisa para receber beijos da brisa. Ele não usava botas especiais
para evitar o chão lamacento, ao contrário, pisava o chão com a força dos dois
pés descalços, em sístole e diástole, a barra da calça bebendo sedenta a terra
disponível ao tecido. Ele não discriminava as plantas sem olhar de orvalho ou
sem o perfume dos deuses, apenas as contemplava pacificamente como quem
respeita as estações de cada ser vivo. O jardineiro, pouco visto de longe,
tamanha sua interação com o jardim, misturava-se também com o som das abelhas,
com o canto dos ventos, com o tilintar dos raios de sol e com a falta de
pensamentos. Era um Deus cuidando de tudo nos sete dias da criação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário