Estava eu sentado numa
lombada do mundo. Não era bem eu, mas o que sobrara de mim. Não sei se foi o
tempo ou o esquecimento que levaram partes importantes e podadas do meu corpo,
o tempo este jardineiro e o amarelo esta cor do passado. Ninguém notara minha
ausência naquela cidade vazia. Foi quando dei conta do quanto o vento sabe mais
de mim do que meus familiares e amigos. Foi quando entendi que as cidades eram
habitadas mais por vazios do que por esquinas, as ruas feitas de ausentes e as
casas construídas para a ruina em si. Foi quando a cidade sussurrou nas minhas
vértebras o quanto eu nasci para preencher lacunas do Ser. Parecia estar
cumprindo metáforas de um livro qualquer sem leitores. E eu não conseguia me
traduzir por inteiro.
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