De mãos atadas, de passos
perdidos e de olhos vendados, estão todos aqueles que só olham para seus
umbigos. Tudo deixado de dizer, ainda fermenta em gélida ebulição nos confins
da mente. Tudo o que deixaram de fazer, ainda morre diariamente quando se
deitam. Por não alcançarem seus avessos, por não despertarem pesadelos, fica neles
escondido, entre as vísceras, algo para ser enterrado vivo e não se cansa de
ser bombeado inúmeras vezes para o coração cansado. O egoísmo é a marca
registrada dos zumbis contemporâneos. Eles têm fome de si mesmos e nunca serão
saciados. Dormem nos jardins uterinos abandonados. Gravitam insones a trajetória
repetitiva de seu plexo. O umbigo, este desconhecido do amor incondicionado,
resumiu-se eternamente a um cordão, ligado aos buracos negros indecifrados.
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