domingo, 25 de setembro de 2022

O MENINO DE OLHOS GIGANTES

 

Era um menino inquieto consigo mesmo, sedento de olhar tudo o que mexia ao seu redor. Sabia-se sozinho, pois tinha tanta gente no caminho que até se esqueciam dele. Era movido por uma força insaciável de pertencimento, um sentimento indefinido de busca, gerando assim uma roda de contradições, paradigmas e paradoxos no seu parque de diversão. Movia-se com tudo o mais, simplesmente para existir como tantos outros. Assustava-se com aqueles que preferiam a mentira, com quem matava por prazer e encerrava sonhos alheios, com quem lhe ignorava quando sangrava no chão dos sábados e domingos e com as ruas vazias. Se o mundo era infinito, fora dotado de olhos gigantes para registrar momentaneamente tudo o que não fosse ele mesmo. Até que um dia compreendeu que seus olhos, meninos e enormes, foram pequenos demais para se encontrar.


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