Era um menino inquieto
consigo mesmo, sedento de olhar tudo o que mexia ao seu redor. Sabia-se
sozinho, pois tinha tanta gente no caminho que até se esqueciam dele. Era
movido por uma força insaciável de pertencimento, um sentimento indefinido de
busca, gerando assim uma roda de contradições, paradigmas e paradoxos no seu
parque de diversão. Movia-se com tudo o mais, simplesmente para existir como
tantos outros. Assustava-se com aqueles que preferiam a mentira, com quem
matava por prazer e encerrava sonhos alheios, com quem lhe ignorava quando
sangrava no chão dos sábados e domingos e com as ruas vazias. Se o mundo era
infinito, fora dotado de olhos gigantes para registrar momentaneamente tudo o
que não fosse ele mesmo. Até que um dia compreendeu que seus olhos, meninos e
enormes, foram pequenos demais para se encontrar.
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