Querida Helô Porto
Hoje escolhi você para o
meu exercício de escrever uma carta de gratidão, a quem teve papel fundamental
no meu crescimento pessoal. Não existe um exemplo de sucesso meu que não tenha
o dedo de sua contribuição, tamanha a sua referência de vida em toda a minha
jornada. Era você quem me apontava caminhos, quem me introduzia novas terapias,
quem me socorria nos momentos mais pirados, quem me respeitava nas limitações e
imperfeições com muito respeito e prudência de mestre. Ponderação era sua marca
registrada e você a usava sem moderação, educando os filhos e os marmanjos ao
seu redor com o mesmo amor e carinho, com a mesma liderança inconteste,
tornando-nos a todos mais conscientes. Hoje não hesito em dizer que você foi a
pessoa de maior estatura humana que conheci no Canadá, onde convivemos. Havia
coerência total entre o que você dizia e o que fazia, além de esperar
calmamente pela hora certa de cada um assimilar o aprendizado e crescer mais um
pouquinho. Junto ao reconhecimento de seu amparo tão humanitário, percorre em
minhas veias a seiva da saudade da convivência com sua família. O mato
crescendo intencionalmente no quintal como respeito por Gaia, as lições de
xamanismo, as aulas de Biodanza e sua paixão por Rolando Toro, os livros
maravilhosos de sua biblioteca que deixaram sulcos profundos em minha jornada
espiritual, Natália no processo intenso de se encontrar, Beto na dúvida se
mudava ou não definitivamente para o Canadá, Marcelo sorrindo demais para
compensar as poucas palavras que sempre vinham com sabedoria, o envolvimento
místico de Luciano com as artes em geral e a música na frente, a articulação
entusiasta e energética de Lalo preenchendo a casa com sua alegria. Na frente
de tudo isso, lá estava você, feito Netuno conduzindo uma embarcação gigante em
mares bravios, protegendo os filhos seus e os de Ricardo e quantos mais surgissem
no caminho. Lembro também de sua fé inquebrantável na cura de Lalo, após o
acidente que tanto nos chocou, mas acabou tão bem com sua santa intercessão de
mãe. Lembro dos meninos viajando para plantar árvores, fruto e semente de seu
amor pela natureza. Lembro de suas pinturas coloridas e espirituais como
convite à reflexão. Quanto privilegio ter conhecido este exemplo indomável,
esta força de conexão com o Todo, este sol que brilhava todos os dias mesmo se
ninguém estivesse olhando. Mas a gente olhava, a gente prendia a respiração até
receber a próxima pérola, a gente queria mais. Por isso, ainda hoje, décadas
depois, ainda trago no coração uma gratidão imensurável por você e sua família.
Reconhecimento e oração é pouco para agradecer por tanto. Peço desculpas por
minhas atitudes inconscientes. Obrigado por ter sido luz na minha escuridão.
Obrigado por permanecer viva dentro de minhas memórias. Obrigado por você
existir e fazer diferença positiva na vida de tantos que testemunhei. Obrigado
por ter sido chão e céu em minha vida. Gratidão, gratidão, gratidão!
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