Bem que a vida nos avisa,
manda recados e sinais, envia sincronicidades, coloca a realidade diante de
nosso nariz, fala a mesma mensagem por vias diferentes. A gente finge que não
ouviu ou não leu. Bem que as circunstâncias traduzem o mesmo conteúdo em
diferentes contextos, as situações se desenvolvem com testemunhas bem próximas,
os acidentes se repetem. A gente finge que não entendeu a lição. A notícia ruim
dos outros deixou de ser alerta, deixou de nos proteger contra certos perigos,
deixou de influenciar nossas decisões. A gente descarta as probabilidades e
escolhe a ilusão. O bicho homem nasceu com defeito de fabricação, com data de
vencimento, com mutação das percepções, mas escreveu estórias para o boi
dormir, de maneira que não se dê conta da piada que protagoniza no final de
cada dia. Bem que a natureza fala em línguas claras ou translúcidas.
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