O mundo
está doente e recusa ser curado. A cura só vem pelo amor, mas hoje em dia
ninguém mais sabe o que é amar sem pedir nada em troca. Quando o paciente
acredita ser Médico, ele faz do Médico o paciente, o pior dos pacientes, por
não receitar a esperança, por faze-lo acreditar que nada pode ser mudado, pois
tudo é pura representação e simulação de uma tragédia cinematográfica, com
recordes de bilheteria. O autoengano é alimentado com pipocas e refrigerantes.
Todos assistem passivos ao filme de hecatombe nuclear, usando máscaras 3D, sem
saber que, a qualquer momento, aquele cinema vai ser bombardeado por forças
ocultas.
O mundo
está ausente de vontades saudáveis. Alguns que conquistaram mais do que
precisavam, hoje repousam com câncer, num apartamento, solitários. Os que foram
subjugados pelos conquistadores, hoje se anestesiam diante dos poucos bens
materiais que levaram consigo sua alma. Desumanizados, todos vagueiam
sonâmbulos sem noção de perigo.
O amor
sumiu das prateleiras. A esperança partida, partiu. O autoengano é distribuído
em bolsas sociais. As vontades saudáveis caíram no esquecimento. No sonho, a
afogada famosa anunciou a própria morte aos milhões de seguidores e ninguém fez
nada. Mesmo assim, o entrevistador sorria, ao vivo, procurando pelo que sobrou
de verdade nos olhos da população. Eu, sem entender a mim mesmo, vesti meu
personagem de indignado, com roupas de marca, e disse ao repórter que o mundo
está doente e recusa ser curado.
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