Depois de longos vazios,
preenchidos pela marca do adeus, o casal finalmente se reencontrou no campo
santo local. Fechados no túmulo de si mesmos, não houve estardalhaço naquele
fatídico dia. Afinal, os ouvidos do morto estavam cansados de tanto ela choramingar
por anos a fio. Bem que ela foi preparada com as roupas que escolheu, seu
último desejo, as flores eram belas por vinte quatro horas, tempo suficiente
para sair do corpo e vagar à procura de seu amor eterno, como costumava
declarar em vida. Tinham um encontro marcado na periferia da estrela Dalva,
citada em uma de suas canções preferidas. Era um espaço escuro aqui e outro
azul místico ali. Fechados no túmulo de si mesmos, com língua e sem palavras,
poderiam decompor o passado sob as águas lacrimais dos familiares, quem sabe
serem esquecidos na semana seguinte após o passamento. Abertos em si na esfera
celestial, um novo departamento dimensional os receberia com vultos felizes e
vibrações sutis, enfileirados, todos prontos para prosseguir a grande viagem.
Surpresos por não ficarem tão sozinhos na eternidade, o quanto haviam
imaginado, deram-se os olhos e sorriram em cumplicidade...mais uma vez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário