A sombra só é agradável na
natureza. Nela se morrem os sonhos, vagarosamente, ao meio dia. Nela o tempo e
o silêncio se confundem, sem que o sol saiba o tamanho da distância que os
separa. Flores de plástico se curvam, memórias rápidas de ilusão piscam olhos,
dá vontade de esquecer a realidade e mergulhar fundo no corpo que nunca nos
pertenceu. Hoje o passado culpa o silêncio por não ter esquecido o que nunca
existiu, muito além do coração sonhador. O silêncio até que aceita desculpas de
quem se acovardou, fingindo que nada sabe, enquanto cola os cacos do que
sobrou. Amar sozinho é sombra. Amar sozinho é não querer viver. É fechar todas
as portas e sair voando pela janela. É peça de arte para nunca ser vendida ao
lixo. Amar sozinho é tocar o som da alma no piano invisível, a lua por
testemunha, sem conhecer a chama. Não me diga que amor é isso, cachorro sem
dono, espera sem medida, morte sem corpo delito, vírgula eterna, coisa que não
se sopra e nem se cura.
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