A
gente nasce como se fosse um cano, um bambu oco, prontos para a vida soprar sua
força dentro de nós. Inspiramos e expiramos a todo instante para sentir este
sopro de vida que entra por uma extremidade e sai pela outra. Durante nossas
interações com outros seres, somos impactados com a agressividade de alguns
comportamentos alheios, somos traumatizados por outros que nos fazem buracos e
nos arrancam pequenos pedaços do Ser. A gente passa parte da vida tentando
tapar estes buracos com tratamentos, medicamentos, perdão, conceitos de
religiosidade, com racionalização ou até mesmo com a anestesia da negação.
Passamos parte da vida sem sentido, revoltados, inventando motivos, caminhando
distraidos, sendo arrastados na linha do tempo e na ilusão do espaço.
A
gente um dia percebe que toda aquela trajetoria e feitura de buracos servia a
um propósito maior. Estávamos sendo preparados para o espetáculo do Criador, o
instrumentista mais talentoso do Universo, vir nos chamar de flautas e tocar em
nós canções originais de transcendência. Durante toda a nossa percepção de
existência, já estávamos nas mãos Dele.
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