sexta-feira, 29 de maio de 2015

TALVEZ


Num mesmo dia dois amigos bem próximos me disseram coisas semelhantes com palavras diferentes. Um disse que eu não o conhecia bem, só um pouquinho, nestes doze anos de amizade, em termos de relacionamento. O outro disse que se parece comigo e sabe tudo sobre mim, pois vê em mim tudo o que ele percebe em si. Comecei a pensar sobre o que estas duas afirmações teriam em comum. O universo tratou logo de intervir e me colocou diante dos olhos um vídeo sobre a estória de uma mulher que teve que abraçar uma mudança radical em sua vida, a partir do momento em que seu marido leu o diário secreto dela e ameaçou expô-la diante de toda a família deles, no que acabou em divórcio. Percebi então que passamos nossa vida inteira caminhando sobre a corda bamba do talvez, focando a atenção no início e no fim em vez de validarmos a travessia, pois é na caminhada que nos encontramos verdadeiramente, é na caminhada que percebemos com clareza sermos os únicos responsáveis pelo que somos e pelo que fazemos, é na caminhada em chão sólido que nos resgatamos de uma autoimagem sustentada no alto por encomenda da sociedade.


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