sábado, 23 de maio de 2015

O QUE NÃO HÁ DE SER

Há gelos que queimam, casas que matam, paixões que destroem. 

Há silêncios violentos, há palavras que anulam, há amores que secam e sexos desconexos. 

Há casamentos que vivem a desunião, solitários que se casaram com as memórias, há divorciados do amor. 

Há espíritos sem corpos, há corpos sem espíritos, há seres desalmados. Há o que não existe por não se sentir vivo, há os mortos-vivos em busca dos vivos-mortos.  

Há vazios cheios de rumores, há rancores vazios de amores, há pendores para o nada. 

Há preces sem preceitos, desejos sem destinos, futuro sem dias. 

Há o que não vemos, o que não sentimos, o que não podemos. Há incompletude e cegueira no meio oculto da luz.

                               (poema de Benedito José)

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