Há gelos que queimam, casas que matam, paixões que
destroem.
Há silêncios violentos, há palavras que anulam, há amores que secam e
sexos desconexos.
Há casamentos que vivem a desunião, solitários que se casaram
com as memórias, há divorciados do amor.
Há espíritos sem corpos, há corpos sem
espíritos, há seres desalmados. Há o que não existe por não se sentir vivo, há
os mortos-vivos em busca dos vivos-mortos.
Há vazios cheios de rumores, há rancores
vazios de amores, há pendores para o nada.
Há preces sem preceitos, desejos sem
destinos, futuro sem dias.
Há o que não vemos, o que não sentimos, o que não
podemos. Há incompletude e cegueira no meio oculto da luz.
(poema de Benedito José)
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