sábado, 7 de dezembro de 2024

A MORTE TEM GOSTO DE BARRO

 

Quem nunca morreu não sabe seu gosto. Quem perto dela chegou, sentiu seu cheiro desagradável de despedida. Quem ouviu seus passos se aproximando, correu na direção contrária em busca de prorrogação. Quem leu sobre sua fatídica chegada, por certo se assustou com o próprio currículo de vida. Quem com ela trabalha, acredita ser por ela esquecido. Quem a noticia, morre um pedacinho em cada espanto coletivo. Quem a pinta com molduras, antecipa seu derradeiro encontro. A morte é comida estragada, ceia de ossos, pálpebra cansada sem direito a descanso. Cada morte tem o gosto de seus algozes.


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