Nem tudo é previsível no
processo individual do despertar, ainda mais se considerarmos como a mente de
cada pessoa possui seus próprios recortes, de crença e interpretação, da
realidade. Mesmo se soubéssemos exatamente como tudo iria ocorrer, seríamos pegos
de surpresa por tudo que é impermanente na vida da gente.
Etapas do processo nos
são ensinadas, sem o foco nos pensamentos, oriundas de uma fonte confiável.
Acontece porém que esta orientação também não poderia ser permanente, pois
assim sendo não abriria espaço para a plenitude, para o infinito, para o vazio
que contém o tudo. Chegaria o momento em que esta fonte confiável de
ensinamentos abriria mão da própria imagem para que nos transformássemos
individualmente no todo, na unidade de todas as coisas. Não seria desistência
nem falta de fé. Seria natural.
No final do processo
haveria uma etapa estranha de desconexão com esta fonte, um sentimento de
indiferença pela sua ausência, até que tudo fosse mesclado, unido, dentro de
uma nova sinergia de amor. Quem sabe até o amor desaparecesse neste momento.
Sem ele como o referencial de ego, o natural fluiria sem a necessidade das
interpretações, como se tudo estivesse caindo por terra, como se nossa vida
perdesse a lógica e os sentidos anteriormente dados a ela. Este vazio assusta
quem estiver de fora, mas absorve quem estiver nele sem a mente como filtro da
realidade. O vazio se manifestaria como algo infinitamente divino e absoluto.
Fica difícil entender isso tudo olhando de fora. Tem horas que só nos resta repousar
a existência no colo da não existência para alcançar o despertar. Que assim
seja.
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