Ao nascer, a criança não
se sente como um ser separado da mãe. Esta unidade é a experiência mais rica
que uma mulher pode ter. O bebê torna-se o centro do universo, um ser único, o
foco principal de sua existência. Na rua, ela sai atropelando as pessoas pois
seu filho precisa ser protegido constantemente para que sobreviva.
Aos poucos
ele vai se percebendo ao mexer as maozinhas que, misteriosamente, desaparecem
de sua vista. Depois ele adquire certa autonomia ao descobrir outras partes do
corpo e como comandá-las. Nem percebemos nós que neste momento a criança está
aprendendo a educar seu olhar. Basta segurar o bebê de outra pessoa em nosso
colo para notar que ele, aos cinco meses, evita nos olhar no rosto, reservando
este direito somente aos pais.
O tempo passa e ele
começa a descobrir a verticalidade, a possibilidade de se levantar, explorando
novos espaços para perceber tudo o que não é parte de seu corpo. O próximo passo
é tentar dar um passo, ou muitos, descobrindo os rítmos, ao mesmo tempo em que
domina a percepção de espaço e tempo. Que momento lindo em seu desenvolvimento.
Tão novo e tão conectado com a dimensão humana em seus moldes de consciência. Tão vulnerável e tão
desbravador.
Agora chegou a vez de
organizar o aprendizado por repetição e associação, o pensamento e a linguagem.
Outro momento lindo e definitivo em seu desenvolvimento. Outra descoberta
magnífica, a de se comunicar, de se expressar, de negociar, de conquistar, de
saborear as pequenas vitórias. Aquela pessoinha em miniatura agora é gente de
verdade. Ainda inocente e dependente, entrega-nos a esperança em seu olhar,
despertando em nós a pureza de intenções e a expansão do coração emocional. O
mistério da vida se repete e se propaga através de nós.
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