quinta-feira, 31 de maio de 2012

PESSOAS VICEJANTES E PLENAS


Existe um tipo de pessoas que traz, para as ruas, seu silêncio surpreendente diante dos ruídos. Caminham sobre morangos e pétalas, quando tantos tropeçam no relevo enrugado do futuro. Vociferam poesia, quando tantos escondem o mel dos sonhos irrealizáveis. Conjuram pedaços de depois, quando tantos desistem. Elas navegam a pressa com a delicadeza da brisa de varandas.

Existe este tipo de pessoas que acenderam, no olhar, o facho de luz dos quasares mais ousados que se tem notícia. Transmitem almas realizadas no cinema etéreo de suas jornadas atemporais. Refletem sonetos de rubis na palma da mão de quem os tocam sedentos. Arrastaram as estrelas mais recônditas para o chão onde pisamos nossas vontades desmaiadas. Elas rabiscam a esperança astronômica dos quintais, em busca de um pequeno descanso para os mortais.

Existe um tipo de pessoas que acreditam no que não vemos, professam o que ainda não foi absorvido em nós pelo medo de sermos descobertos a céu aberto. Percorrem os trilhos da sabedoria como se estendessem para nós tapetes vermelhos de amabilidades. Sabem de nossos descaminhos e nos aguardam pacientes no vão da esquina. Estendem as mãos para abençoar nossas vísceras, enquanto comemos feito porcos e bebemos feito algodão na chuva. Elas brilham um sorriso cósmico, meio egípcio meio etíope, até que um dia nos tornemos também vicejantes. Pessoas vicejantes. Pessoas plenamente vicejantes.

Nenhum comentário: