Há coisas que queremos com clareza de intenções, outras que queremos simplesmente por caprichos, algumas que queremos sem ter certeza nenhuma se aquilo vai nos levar a algum lugar, e outros quereres ocultos ou inconscientes.
O querer com clareza de intenções já nos deu uma certeza relativa do resultado e dos prováveis benefícios almejados. Embora ele se vista de formas e conteúdos assertivos, este querer deseja saber algo da pessoa envolvida, a ser confirmado pelas desconfianças internas a respeito dela. Já o querer caprichoso e manhoso, manipulador ou sedutor, teve experiências anteriores atendidas que muito lhe agradaram ou lhe trouxeram prazer e poder de conquista, confiante na repetição da técnica adotada e dos resultados conhecidos. Há um caráter investigativo escondido, cujo objetivo maior é descobrir o que a pessoa faria se ela fosse colocada na beira do abismo. Será que ela entregaria o ouro ao bandido?
O querer incerto esconde em si o desejo ou a curiosidade de descobrir ou confirmar algo, em relação ao objeto de desejo, mas ao mesmo tempo carregando em si uma certa quantidade de dúvida, uma certa dose de negatividade ou derrota antecipada. Este querer cria uma dependência e exige a participação ativa da outra pessoa, mas permanece alimentando interiormente a necessidade de ter certeza antes de dar o passo final ou fatal.
O querer oculto ou inconsciente, tanto quanto todos os outros quereres, também se move pela necessidade de ter certeza de algo. Ele prefere atuar de forma sublimada e menos comprometedora, para evitar exposição e desgaste comprometedores, ao mesmo tempo em que atua por trás dos bastidores, usando linguagem simbólica e codificada. Ele se manifesta em sonhos, em situações relaxadas onde não haja necessidade de manter os mecanismos de defesa em alerta, ou, se tiver oportunidade, surpreende a outra parte com revelações de cumplicidade ansiolítica. De todos os quereres, o querer inconsciente é o mais energizado psiquicamente.
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