Mesmo que nos alertem para não criarmos expectativas, pois poderemos nos decepcionar, ainda assim as criamos sobre algo ou sobre alguém. Será que expectativas são algo supérfluo, evitável, desnecessário?
Se considerarmos que elas nos acompanham por toda a existência, pode-se pensar que expectativas não são tão ruins assim quanto parecem. A expectativa é um instrumento regulador dos estados internos de satisfação e insatisfação. Se eles forem ignorados ou estiverem descalibrados, estes instrumentos podem gerar material psicológico de pânico e ataques de ansiedade, principalmente em pessoas que querem agradar a todos para serem vistas como boazinhas, ou para ter sua imagem vista somente de forma positiva pelas outras pessoas. O seu uso correto pode nos trazer alívio e um sentimento agradável de adequação ao relacionamento ou ao ambiente.
Quando observamos pessoas caminhando nas ruas, nem percebemos que todas elas têm o seu modo particular e individual de regular suas insatisfações, alguns deles sendo aceitos socialmente e outros sendo rejeitados pela moral e bons costumes ou até mesmo criminalizados. Quando alguém se entrega aos vícios, nada mais nada menos está tentando regular suas frustrações com o mundo à sua volta. Quando permanecemos em relacionamentos doentios, padecemos de melhores instrumentos reguladores das expectativas. Quando agredimos alguém, física ou verbalmente, descalibramos tais instrumentos internos. É possível abaixar uma expectativa para torná-la mais realista, sem afetar nossa crença ou luta por um objetivo, mas o mais importante é sabermos que ninguém neste mundo será capaz de satisfazer plenamente nossas expectativas. Só a pessoa que cria a expectativa pode realizá-la.
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