Tem dias em que invoco
Deus e permaneço sem explicação. Tem dias em que fico surdo à sabedoria mais
antiga e aos bordados de minha avó. Tem dias em que o controle remoto
desaparece da sala mais remota de minhas preguiças. Tem dias em que fui e não
voltei até hoje. Tem dias em que a glória do horizonte, rasgado de sol,
permaneceu desperdício de belezas. Tem dias em que Fagner me recorda os beijos
que não roubei e deveria. Tem dias em que a covardia se vestiu de ouro e
pedrarias e foi morar em terras longínquas do não-me-quer. Tem dias em que o
filme não teve final só porque não havia plateia. Tem dias em que a página
branca aquietou num dia branco e não soube mais para que existia. Tem dias e
dias e dias e dias e dias e dias em que ouço Deus e não preciso mais de
explicação nenhuma.
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