quinta-feira, 23 de junho de 2022

TEM DIAS (2)

 

Tem dias em que invoco Deus e permaneço sem explicação. Tem dias em que fico surdo à sabedoria mais antiga e aos bordados de minha avó. Tem dias em que o controle remoto desaparece da sala mais remota de minhas preguiças. Tem dias em que fui e não voltei até hoje. Tem dias em que a glória do horizonte, rasgado de sol, permaneceu desperdício de belezas. Tem dias em que Fagner me recorda os beijos que não roubei e deveria. Tem dias em que a covardia se vestiu de ouro e pedrarias e foi morar em terras longínquas do não-me-quer. Tem dias em que o filme não teve final só porque não havia plateia. Tem dias em que a página branca aquietou num dia branco e não soube mais para que existia. Tem dias e dias e dias e dias e dias e dias em que ouço Deus e não preciso mais de explicação nenhuma.


Nenhum comentário: