O inferno deve se parecer
com uma segunda-feira de manhã. Reina a preguiça, o desânimo, a má vontade, o
atraso, a indisposição, o esquecimento, a desesperança, a obrigatoriedade de
ganhar o pão de cada dia com o próprio suor. A segunda-feira vive de contar
vantagens, as vezes incluindo mentiras brancas, possuindo um ar de vazio do
tamanho da semana que vai chegar. Ela não quer acreditar no futuro como algo
novo, apenas como repetição de coisas conhecidas. A segunda-feira só acredita no
marasmo, com falta de energia. O tempo arde como fogo, ocupa as horas com
fumaça, estala minutos como tempo escapado do controle, mas o dia se arrasta
como quem não quer viver mais daquele jeito. As segundas-feiras são tão famosas
quanto o inferno.
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