Abraço desassossegado, com
cheiro de leite em pó, sem saber se o colo é cama ou continuação uterina. Mãe
bate coração e jorra leite. Filho suga a vida com pressa de crescer. Seus olhos
a buscam no silêncio, mas somente a encontra no calor. Abraço que não segue
fórmulas ancestrais, ainda que se reinvente na vida moderna. Quem não pediu pra
dormir, nocauteado de amor se foi. Abraço desabraçado, no berço desencontrado.
Mainha cantou ao cansaço, pensou logo no almoço, doía-lhe ainda os braços,
mexer colher era lei. Na dança dos temperos, feijão fervilhava seus sonhos em
pó de arroz tropeiro. Tem mais gente para cuidar. Tem mais vozes a mandar. Mainha
se desdobrava, nascida que foi para amar. Hoje o menino cresceu e o mundo foi
quem lhe lambeu.
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