quarta-feira, 23 de março de 2011

UM OLHAR DIFERENTE

Se você tivesse se encontrado com um mestre, há dez anos atrás, e ele fosse claro ao lhe explicar que você deve segui-lo mas será atendido somente dez ou doze anos depois, haveria uma grande possibilidade de que sua resposta fosse um sonoro “não, muito obrigado, eu tenho pressa e não tenho tempo a perder”. Sairia feliz garimpando outros mestres, outras técnicas e ensinamentos e continuaria sua busca insaciável pela verdade.
Imagine um cavaleiro elegante numa charrete em movimento. Ele carrega na mão esquerda uma vara de pescar, contendo uma espiga de milho no anzol, que se situa na frente do olhar do cavalo. Isto o faz continuar marchando ou galopando, de acordo com o controle da mão direita do cavaleiro. O cavalo nem perceberia se o cavaleiro saboreia uma champagne e come caviar durante a viagem, entretido pelo milho promissor à sua frente, e assim continuaria marchando por dez ou doze anos. Como cavalos têm a boca grande, parece que estão sempre sorrindo.
Quando um político faz promessas sedutoras ao eleitorado, ele coloca a espiga de milho no anzol e continua sua viagem por quatro ou mais anos, sem ter que dizer a verdade, pois o eleitor se distraiu com o pão nosso de cada dia e com a cerveja antes do jantar. Ele acredita que o milho basta para alimentar as esperanças do eleitor. Quando um mestre faz uma promessa tipo nirvana, ele precisa colocar o milho no anzol para ter certeza de que o discípulo continue sua jornada, sem desistir jamais, pois a longo prazo virá a recompensa, sem ter que dizer a verdade, dando a possibilidade ao estudante de encontrar a própria verdade.
Até que um dia... o cavalo se enerva e empaca!!!

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