Aparências são indicações superficiais que desencadeiam pensamentos precipitados e julgamentos infundáveis. A mania de assumirmos que algo seja assim ou assado, de colocarmos palavras na boca das pessoas, de tomarmos decisões importantes antes de ouvirmos o outro lado envolvido, são atitudes comuns de quem evita a profundidade e a análise justa dos fatos. Para agravar ainda mais a situação, há os que pretendem ser o que não são, os que agem às escondidas, os que espalham fofocas ao vento e os que mentem pelo simples gosto de mentir. O mundo das aparências é mesmo pobre de significados.
O mundo das profundezas assusta muita gente. Primeiro pelo fato de não ser tão frequentado, segundo pelo aspecto desconhecido e misterioso que o envolve. Terceiro, pelo fato de ameaçar o conhecido adquirido até então, prestes a ser removido e substituido por algo que vai exigir novos comportamentos. Por ser infindável, o mundo das profundezas exige qualificações pessoais para fluir com as ondas que surgirem, um certo jogo de cintura, um desprendimento ou desapego de opiniões rígidas e uma abertura incomum para o eterno.
O plano espiritual não trabalha com aparências. Ele só existe dentro do oceano da profundidade, a qual não pode e nem deve ser somente interpretada, mas deve ser experienciada e percebida com olhos imaculados e neutros para trocar ensinamentos mais elevados. A profundidade se alcança sem palavras, sem muito lero-lero, sem resistência fútil, apenas pela contemplação pois é no vazio que se gesta a vida.