quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

O SAMBA DOS SENTIMENTOS (3)

 

Os sentimentos não possuem medida determinada. Eles se permitem a pequenez e a grandeza. Um olhar de filho no colo da mãe tem estas duas medidas. Uma prece do coração, também. Dependendo do container, ele só quer ficar quietinho ali dentro, existindo sem ser incomodado, ou então só quer extravasar para ser notado na falta de palavras específicas. Muito sentimento, pouco sentimento, é indiferente quantificar o que se sente, ainda que afirmemos sentir muito amor ou receber pouco carinho de algumas pessoas no estado comparativo. Por isso os poetas os escondem debaixo da pedra no caminho, ou os espalham no morro dos ventos uivantes em cem anos de solidão. Por isso a natureza os domina com maestria em cada orvalho, em cada estrela cadente, em cada canto de pássaro, demonstrando seu sentimento de glória pelo Criador. É na aura das pequenices que o sentimento se faz gigante.


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