quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

O SAMBA DOS SENTIMENTOS (2)

 

Tem gente que retira o sentimento do passado, reciclando fatos e memórias. Outros andam com ele no bolso, prontos a efetivar trocas. Há quem troque de sentimentos como se troca de roupas. Conheço pessoas que utilizam o sentimento para se expressar, ao se sentirem vivas. Ouvi falar de pessoas que mascaram sentimentos, camuflam, enfeitam com batom e brilho, tomam emprestado algum sentimento alheio de beleza. Filmes, novelas, livros e namorados adoram brincar com sentimentos, amam expor o que vem de dentro sem saber onde aterrizarão ou encontrarão pouso. Eles são filtros da realidade para pessoas mais sonhadoras. Tornam-se ausentes na vida de egoístas e juízes contumazes. Os sentimentos procuram por pintores em cada tela, por artistas em cada ato de criação, por escritores em busca da verdade. A gente já nasce com eles, abrindo a boca na primeira respiração após o parto. Depois, ele se faz presente nos tombos antes de aprender a andar, no primeiro dia de ir à escola, nos castigos paternos e na saudade materna. Sentimentos nos acompanham sem permissão, estão lá e pronto. Eles querem fazer de nossa vida um sopro de poesia, com a mesma força dos versos. As vezes penso que são eles que nos carregam no bolso.


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