Tem gente que retira o sentimento do
passado, reciclando fatos e memórias. Outros andam com ele no bolso, prontos a
efetivar trocas. Há quem troque de sentimentos como se troca de roupas. Conheço
pessoas que utilizam o sentimento para se expressar, ao se sentirem vivas. Ouvi
falar de pessoas que mascaram sentimentos, camuflam, enfeitam com batom e
brilho, tomam emprestado algum sentimento alheio de beleza. Filmes, novelas,
livros e namorados adoram brincar com sentimentos, amam expor o que vem de
dentro sem saber onde aterrizarão ou encontrarão pouso. Eles são filtros da
realidade para pessoas mais sonhadoras. Tornam-se ausentes na vida de egoístas
e juízes contumazes. Os sentimentos procuram por pintores em cada tela, por
artistas em cada ato de criação, por escritores em busca da verdade. A gente já
nasce com eles, abrindo a boca na primeira respiração após o parto. Depois, ele
se faz presente nos tombos antes de aprender a andar, no primeiro dia de ir à
escola, nos castigos paternos e na saudade materna. Sentimentos nos acompanham
sem permissão, estão lá e pronto. Eles querem fazer de nossa vida um sopro de
poesia, com a mesma força dos versos. As vezes penso que são eles que nos
carregam no bolso.
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