NOVOS CAMINHOS

 

Sair das circunstâncias e ir além delas é oração, é fé, é cura. Sair das preocupações, indo na direção da realidade, é inteligência, é resultado, é sabedoria. Sair da linha do tempo e ir além do espaço é oração, é fé, é cura, é inteligência, é resultado, é sabedoria. Sair de onde está é estabelecer bases de conexão com um mundo melhor. O importante é sair, mexer, movimentar os recursos, buscar saídas, dar chances à criatividade, acreditar em outras possibilidades, fazer acontecer novos processos e desencadear fluxos que construam novas manifestações relevantes. É do novo que a vida precisa, da coragem de ir buscar o novo que ainda não se enraizou, pois o antigo ou conhecido fez morada na estabilidade. O importante é sair, sempre que puder, para se encontrar em algum lugar do presente.

 

MEU TEMPO

 

Quem não tem tempo para si mesmo, não tem tempo para a vida, ocupado está com o reino dos pensamentos e com as demandas do mundo. Quem não tem tempo para si, quem não tem ciclos para si, quem não tem o que dizer de si mesmo, pode acabar se anulando intelectualmente e se anestesiando emocionalmente, repetindo erros com as mesmas pessoas, destruindo sonhos, negando a própria existência e assumindo para si os erros dos outros, as emoções dos outros, as maneiras de ser e de pensar dos outros. Não ter tempo para si é não conversar consigo, não responder as próprias perguntas, não separar as estações da vida ao mostrar-se sem respostas diante das tempestades e sem prazer nos dias de verão. Viver a responsabilidade dos outros significa abster-se das referências internas, desperdiçando energias vitais, pela simples ilusão de se tornar o salvador do mundo. O modo como você utiliza seu tempo, tem muito a dizer sobre quem você é.

 

CAMINHOS DE NEBLINA

 

Não me fuja a ausência dos mapas, não me prendam as garras do destino, para que o caminho seja eu. Não me enganem os pensamentos e atos, não me distraiam as buscas por nada que me preenche de cores. Vivo no espaço das indefinições, da espera sem sentido, do culto à beleza que me enamora, sem poder tomar posse deste território indomável de palavras. Sem deixar de ser caminho, há quem me pise ou me contorça em curvas, há quem me siga sem me seguir eternamente, todos abandonam a estrada se o desejam sem ao menos dizer adeus. Não me fuja a função de ser estrada para quem não se encontrou ainda, enquanto me alimento de pó e neblina nos braços do amanhecer.

 

DE VOLTA AO PASSADO DOENTIO

Quando a gente retorna com frequência ao passado, seja por assuntos mal resolvidos ou simplesmente por saudosismo, corremos o risco de entrar no campo energético do passado e repetir as doenças que nele sofremos. O passado foi intenso e prolongado em comparação com o dia de hoje, exercendo, portanto, muita influência sobre nossos pensamentos e emoções, reativando a memória celular no corpo e gerando predisposição para a inércia e o pessimismo com relação ao presente, criando um terreno arado para a incompletude que nos sonda. O saudosismo cultiva o pensamento de que ontem é que foi bom. Doenças surgem exatamente quando não fizemos o que deveríamos ter feito ou quando não mudamos nossas percepções mais temíveis. Como o passado é rico em memórias, o foco dirige-se mais aos assuntos desagradáveis, armazenados no corpo físico, do que à renovação da vida.

 

DOMADORES

 

Ter paz é pacificar silêncios para escutar seus sons e burburinhos. Até que sejam enjaulados, os silêncios teimam com seus ruídos para se mostrar presente e real. Tal e qual um touro bravo solto pelas ruas, os silêncios querem se fazer valer diante dos barulhos do mundo, querem se afastar das teorias, querem dominar o ciclo das respirações mais lentas possíveis. O silêncio é um desejo com poucas forças, música sem letra, uma fumaça de cigarro longe da boca e perdida no sonho de virar nuvem. Os silêncios são numeráveis e mensuráveis, mas podem ser esquecidos por quem deixou de acreditar nos burburinhos e saiu por aí afirmando que não se contam silêncios. Alguns silêncios cabem nos bolsos, outros se contentam com o coração que os acolhe. Há vagas para domadores de silêncio no circo dos prazeres!

 

AMIGOS CERTOS

 

Mais importante do que ter muitos amigos é ter os amigos certos, aqueles que não estão sendo diplomáticos na hora da verdade, na hora de encarar a realidade dos fatos, aqueles que permanecem fora do radar da perfeição e assinalam os satélites do aprendizado. Felizes aqueles que possuem amigos que lhe aceitam como são, mas felizes também são aqueles que contam com a lucidez disponível dos amigos para digerir o imprevisto e o indesejado, reservando sempre um espaço para autoanálise, madura e centrada nas reais intenções que nos movem diante das circunstâncias. Amigo certo é aquele que faz a pergunta certa, aquele que questiona nossa inteligência para evitar decisões que geram arrependimento, aquele que nos devolve um propósito de viver quando perdemos o algo mais importante.

PERFIL NÃO É CURRÍCULO

 

Nem todo profissional está apto a ocupar o cargo que almeja ou que acaba de assumir na empresa. Não basta o desejo, não basta a experiência anterior de outro cargo, não basta a indicação favorecida por alguns superiores. Se o cargo é novo, ele possui outras dinâmicas e outras exigências. Neste caso, autoconhecimento é mandatório, pois inclui valores, recursos pessoais para lidar com pressão por resultados satisfatórios e com estresse, resiliência para superar crises prolongadas, domínio da gestão de pessoas, inteligência emocional e conhecimento de estratégias para aplica-las sempre que for necessário. Esta é a razão principal por sobrarem vagas de liderança nas empresas, em períodos de desemprego ou de crescimento acelerado da economia nacional.

 

PRINCÍPIO E FIM

 

Se o princípio é um precipício, onde o nada agora é dois, quem me carrega no espaço, longe de qualquer abraço, há de saltar no meio daquilo que é corte e laço, há de saltar o esteio daquilo que não foi erguido, atendendo a mil pedidos, nunca sendo socorrido, há de buscar pelas margens o ponto de apoio e alivio, há de puxar minhas asas na esperança do abrigo, no fim que não começou por ter coração de aço. Entre o princípio e o meio ou entre o meio e o fim, foi Ícaro o voo primeiro, modelo de paradeiro, águia plainando sem rumo, céu invertido sem prumo, morada celeste dos deuses, recado que não foi aceito, mas foi bem seguido por tantos, virou plano e aeroplano, quebrou a barreira do som e do sim, criando ciúme entre os anjos e dando aula ao Serafim.

 

ESTRADAR

 

Fragilidade pessoal é a forma mais simples de alcançar a essência do indivíduo e a verdade da natureza, da qual fazemos parte. É na fragilidade que manifestamos nossas carências, nosso real tamanho diante do infinito, nossa busca mais incessante pela imortalidade. É na fragilidade do corpo que nos deparamos com a necessidade da essência, da alma e do Espírito. É na fragilidade do intelecto que provamos do veneno amargo do fim dos desejos. É na fragilidade da matéria que cruzamos a linha entre o necessário e o supérfluo, pendendo ligeiramente para a recordação dos sonhos abandonados, orando pelo futuro, refazendo as rendas das crenças que vestimos durante a vida revelada. Ser frágil é caminhar para dentro, ainda que não conheçamos a estrada mais antiga.

 

POUSO FORÇADO

 

Coração cego obstrui nossa clareza mental. Coração embaçado impede nossa visão espiritual. É do coração que surge a conexão com a luz, a esperança de elevação. Se o pior cego é aquele que não quer enxergar, a pior decisão é afastar-se do próprio coração, afastar-se das coisas do bem para cultivar a intolerância diante de tudo o que for diferente de sua cegueira. Tal qual um avião em chamas tentando pousar em condições desfavoráveis, aquele que resfria as emoções mais nobres e escolhe batalhas materiais para justificar o próprio fracasso, acaba perdendo o chão da alma. Um avião sempre tem vários passageiros e, na vida, sempre arrastamos conosco mais algumas pessoas, seja para o bem, seja para o mal. O coração é o melhor piloto.

A VIDA, A MORTE, O TEMPO

 

A vida e a morte, e o tempo que une as duas, contém todos os segredos do Universo. Do abstrato ao concreto, do inominável a tudo o que se dá nomes, do conceito à teoria, da matéria ao Espírito, do começo ao fim, da biologia ao construído, do descoberto ao desconhecido, do fenômeno ao previsível, pelo menos um dos três elementos fundamentais estão presentes para que algo exista. Todos eles se manifestam através da energia que os move e são conhecidos por todas as leis universais. Todos eles estão contidos dentro dos ciclos, já que toda forma de energia se organiza ou é organizada por forças desconhecidas do Homem. Todos os três passam sem nosso consentimento e sem nossa palavra final. Vida, morte, tempo, a triangulação perfeita da existência.

GENTE NÃO É ÁRVORE

 

Algumas pessoas não saem do lugar, permanecem imóveis como se fossem árvores, sem nenhum lance de criatividade, à espera de que outros façam alguma coisa, realmente não sabendo o que fazer ou como agir de maneira eficiente. Para outras pessoas, agir é normal, fazer o que tem que ser feito no momento, estabelecer a conexão com a pessoa certa, solicitar ou dar comando, manter o foco na resolução e na conquista, cultivar em si a certeza da vitória, iniciar comportamentos robustos. A iniciativa tem valor de ouro, une qualidade com quantidade, questiona o marasmo e a inércia, adiciona positividade nas situações, rompe com o assistencialismo e a dependência para dar lugar à crença em si mesmo. Iniciativa é combustível, mapa e território.

 

PAPAGAIOS DIGITAIS

 

Papagaio que acompanha joão-de-barro vira ajudante de pedreiro, diz o ditado na roça. Quem não pensa, é pensado. Diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és. Andar em má companhia é estar sempre no lugar errado e na hora errada. Os iguais se atraem, já que o plasma não interage com as pedras. Estas comparações da sabedoria popular refletem uma observação de fatos corriqueiros, um aprendizado prático baseado no comportamento de pessoas que chamam a nossa atenção. Se funciona para os outros, há de funcionar também para nós. Se andamos com pessoas pessimistas, assim nos tornamos. Se seguimos alguém na mídia social, por este alguém seremos influenciados indireta ou inconscientemente. Toda esta dinâmica só pode ser interrompida se o observador for um bom aluno das coisas boas. As borboletas não riem das lagartas porque sabem de onde vieram.

GUERRA INTERIOR

 

As verdadeiras batalhas não ocorrem lá fora, elas acontecem dentro de nós mesmos. Seja o bem contra o mal, seja a moral contra a libertinagem, seja a honestidade contra a corrupção, todas elas surgem e se desenvolvem dentro das pessoas, a partir do momento em que se ausentam do amor e do respeito. Quando a opinião passa a ganhar mais peso do que a razão, quando a força da manipulação ganha voz e assume controle sobre a comunicação entre duas ou mais pessoas, é a guerra interior munida de separação e interesses pessoais que se faz ouvir. Onde há egoísmo e egocentrismo, lá está a declaração de guerra contra o mundo exterior. A mente é um campo de batalha, principalmente quando o ego assume proporções imensuráveis de atuação.

A BELEZA DO ARREPENDIMENTO

 

O ato de arrepender-se de algo feito, demonstra tomada de consciência. Ao fazer um inventário das consequências, colhendo resultados indesejáveis, as vezes ferindo outras pessoas, o indivíduo se prontifica a não repetir tais atos, talvez até a reparar com pedidos de perdão ou desculpas. Mais do que uma tomada de consciência, o arrependimento denota um retorno a si mesmo, uma revisitação à própria essência e ao próprio caráter que, não fossem os momentos de fraqueza, não teria comportado daquela maneira. Se Judas conviveu 3 anos com Jesus, bebendo da fonte, usufruindo da energia divina que o circundava, se Judas o traiu para que se cumprissem as Escrituras do Antigo Testamento, se Judas foi tentado e induzido a fazer algo contrário à sua formação moral, matando-se em seguida diante da culpa e do arrependimento, podemos afirmar que não existe livre arbítrio.

O PESO DA ALIENAÇÃO

 

Alienação é um estado de cegueira, altamente influenciável, um estado de vulnerabilidade mental que submete a pessoa a qualquer tipo de manipulação intelectual externa. Se cada novo dia é uma página em branco, por onde se escrevem escolhas e consequências destas escolhas, a alienação é a permissão dada a estranhos ou conhecidos para que escrevam em sua vida o que quiserem. As paixões físicas causam cegueira. As ideologias políticas e filosóficas causam cegueiras. As bebidas e drogas viciantes causam cegueira. A ambição desmedida por poder e dinheiro causam cegueira. As experiências traumáticas causam cegueira. O excesso de informações na internet causa cegueira. É um estado de incapacitação de avaliação, onde se valida qualquer coisa persuasiva, movidas ou não pelo medo.

 

PARA CIMA, PARA BAIXO

 

Na doença, olhar para cima significa acreditar e nutrir esperanças a partir da crença, enquanto olhar para baixo significa desacreditar em si mesmo. Na empresa, olhar para cima significa preparar-se para dar saltos mais altos, enquanto olhar para baixo significa trabalhar por salário fixo. Na religião, olhar para cima significa tornar-se uma pessoa melhor e evoluir seguindo os parâmetros divinos, enquanto olhar para baixo significa focar no pecado e no julgamento dos outros. Na escola, olhar para cima significa dominar o conhecimento prático como escada de progresso, enquanto olhar para baixo significa apenas tirar um certificado ou diploma. Na vida, olhar para cima significa abraçar e assumir o Espírito que nos move rumo à eternidade, enquanto olhar para baixo significa ser consumido pelo que consome seu olhar e seu tempo de vida.

SÓ SEI QUE NADA SEI

 

Nem todas as pessoas sabem o que estão fazendo. Nem todas as pessoas querem ser boas ou melhores. Os ignorantes pensam que sabem tudo. Os meliantes ignoram valores humanos. Nem todos os escritores sabem para onde a estória está indo. Nem todo comediante sabe se a plateia vai rir ou se calar. Nem todo médico sabe se o remédio vai funcionar para um determinado cliente. As pessoas andam no escuro, saltam no abismo, testam as águas, à espera de feedback e de retorno cognitivo para saber o que fazer a seguir. Nem todas as pessoas conhecem o caminho, por isso pensam apenas na chegada, sem pensar no motivo que as levaram a caminhar. Dá tristeza existencial saber que estas mesmas pessoas são aquelas a quem amamos, as quais terão o destino de decidir nosso destino político, as quais nos ensinarão, nos causarão traumas ou nos tirarão a vida.

CRIATIVIDADE E HUMOR

 

O politicamente correto e as ditaduras são semelhantes no quesito criatividade. Ambos não querem que as pessoas sejam criativas para não desenvolverem o ato de pensar. Observe como as artes e a cultura de países sob comando de ditadores ou defensores do politicamente correto estimulam apenas o bizarro ou o culto à personalidade. Criatividade é o melhor exercício para a lucidez, para o pensamento promissor, para discutir ideias que ainda não caíram no radar popular. Criatividade precisa do humor para dizer coisas apropriadas de maneira imprópria, uma vez que a intenção se esconde por trás das palavras. Criatividade é uma bênção de sanidade sobre a cabeça insana do mundo. Um dia sem riso é um dia perdido. Uma vida sem criatividade é uma escola sem caneta.

QUANDO SUBLIMAMOS O SUBLIME

 

Assim como guardamos sonhos na gaveta do tempo, levados a fazê-lo pela força das circunstâncias ou simplesmente por falta de ânimo, assim também guardamos ou sublimamos desejos. A infância foi curta demais para aprendermos realmente a voar como super heróis ou para construir os mais lindos castelos de areia onde um dia habitaríamos. A adolescência foi rápida demais para viver um amor tão intenso como o de Romeu e Julieta ou para conhecer e beijar nossos ídolos musicais. A juventude passou mais veloz do que Airton Sena em seus melhores momentos, sem que pudéssemos viajar o mundo sonhado. A idade adulta pode até passar lentamente, mas nem por isso conseguimos realizar todos os desejos, multiplicados e extensivos a cada membro da família. A velhice, este tempo memorial de arrependimentos e de saudosismo, é a confirmação real do quanto sublimamos a vida. Somos seres, sublimadores de nossos desejos.

EU TE DAREI O CÉU

 

Os parceiros e parceiras que tivemos e temos, são espelhos de nossas carências mais profundas. Desde que nos percebemos como ser existente, nós iniciamos uma cruzada em busca da definição de nós mesmos, encontrando brisas e tempestades emocionais, agindo como Dom Quixote ou Alexandre o Grande, trocando de máscaras sempre que trocamos de percepções. Solteiros, casados ou divorciados, a carência continua em ferida aberta, em sangue vivo. Cada pessoa com quem formamos pares, ou pelo menos tentamos formar, trazem em si a mesma busca interior, pois desta vez vou ser feliz com alguém que me ame. Parceiros nos ajudam a conhecer o melhor e o pior que há em nós.

 

VEM DOS OUTROS

 

Os preconceitos e os valores que trazemos conosco vida afora nos foram ensinados, tanto pela própria família quanto pela sociedade. Da mesma forma, aprendemos com o mundo a permissividade, a libertinagem, os vícios, os desvios de conduta e o culto obsessivo ao prazer. Vem dos outros aquilo que é melhor e pior em nós. Somos uma folha em branco onde o mundo escreve suas percepções e desejos mais questionáveis, deixando escorrer por entre nossos dedos risos e lágrimas, erros e acertos, diferenças e distâncias. A parte que nos resta é a escolha das opções limitantes e conflitantes do que nos é oferecido, de relacionamentos tóxicos a relacionamentos saudáveis, dentro de um labirinto sem fim.

 

 

CAMPO UNIFICADO MATRIX

 

Todas as orações vão para o espaço do inconsciente coletivo chamado Matrix. Todos os pensamentos não verbalizados com intenção forte enviam esta energia para o campo Matrix. Toda carga emocional direcionada para outras pessoas desaguam como energia no espaço Matrix. Todas as perguntas sem resposta vão para este mesmo espaço.  Toda a energia misturada e concentrada no espaço Matrix pode fazer o caminho reverso se houver pessoas catalizadoras para receber esta energia, em formato de criatividade, milagres, ideias novas, dons, fenômenos e manifestações. Por isso sempre afirmamos na Terapia dos Barbantes que o vazio é cheio. Matrix é a inteligência resultante e organizada de todas as energias do campo unificado.

EU E MEU PET

 

Conheça teu pet e conhecerás a ti mesmo. A partir da escolha de um cão, iniciam-se as semelhanças.  O filme “101 Dálmatas” demonstra como os cães se parecem fisicamente com seus donos no quesito rosto, o que pode ser comprovado em nossas ruas, sempre havendo traços correspondentes entre si. O comportamento do cão também reflete as carências de seus donos, a ponto de chamarem seus cães de filhos. Existe um movimento de triangulação entre o casal e o pet, onde cada um vai lutar pela atenção maior. Como o animal é inocente, marido e mulher vão escrever na página branca dele os comportamentos que refletem melhor suas percepções emocionais de relacionamento. É assim que os cães adquirem personalidade.

SEXO E APRENDIZADO

 

O Brasileiro tem obsessão por sexo. Desde o sexo imaginário, o sexo fantasioso levado ao extremo, passando pelo sexo consentido e estimulado em todas as idades, até o sexo sem consentimento, o abuso, o patológico e o criminoso. Foge-se do amor, dos relacionamentos de intimidade afetiva, das trocas saudáveis, em nome do prazer instantâneo e sem conteúdo de crescimento ou aprendizado, o sexo mecânico mesmo. Por trás destes exercícios de desejo incontrolável e pela busca de poder, há uma condução da natureza rumo ao momento presente, sem que a maioria o perceba.  Estamos assistindo a sexualização dos sentidos, a uma expansão de consciência do poder da sexualidade, com todas as suas inconsequências, para que um dia possamos todos absorver totalmente a junção de energia cósmica com energia vital, não mais pelo orgasmo, mas sim pela experiência de comunhão com o momento presente.

 

AMOR E INSEGURANÇA (2)

 

Na ausência do amor, algo puramente abstrato, a criança sai em busca do amor concreto, o qual será canalizado pelo corpo físico. Tudo o que for conjugado ao prazer também será chamado de amor por toda a vida. Pouco a pouco o famoso amor abstrato toma formas concretas distantes da essência, vira química, vira presentes, vira posses e bens materiais. Sem perceber, o objeto amante e o objeto amado se distanciam até se desconectarem, alegando o fim, alegando incompatibilidade de gênios, alegando ter encontrado conexão melhor com um outro alguém. O ciclo de conexão e desconexão se fecha, se completa e nos confunde ao máximo. O início de uma nova conexão reaviva a insegurança, a incerteza, até que fechemos os olhos e saltemos no escuro das paixões.

AMOR E INSEGURANÇA (1)

 

Ninguém aprende a amar sem ser amado. Na natureza, o apego antecede ao amor, até que a criança comece a buscar a própria autonomia e se dá conta de que não pode fazê-lo sozinha. É o apego em troca da proteção. A interdependência externa, associada aos vínculos da maternidade e amamentação, as expressões diárias de afeto, a linguagem e as necessidades corporais atendidas ou não, servirão à criança como o ensino do amor nos primeiros anos de vida. Dominada a linguagem e obtendo mais autonomia, a criança passa a compreender o conceito de tempo, algo extremamente difícil de se adequar, confundindo tempo com amor. Se minha mãe brinca comigo, então ela me ama. Se acaso o amor se ausenta em expressões concretas de afeto, ele continua sendo algo abstrato e inalcançável, gerando plena insegurança.

 

 

O QUARTO DA FÉ

 

A sua fé é só sua, não pertencendo aos locais onde você frequenta para expressa-la. A sua fé equivale a um quarto interior, onde só você autoriza quem nele vai entrar para compartilhar crenças e vulnerabilidades. O sagrado está em você e não nos seus frequentadores, está na sua entrega a algo desconhecido, na sua confiança em algo maior do que a própria vida. Há que se cuidar para se proteger, há que se proteger para não ser enganado facilmente por símbolos humanos, há que se recolher com segurança sem depositar nos homens sua energia espiritual e transcendental. A fé é um exercício único de integridade. Sem essa inteireza com o Todo, nada tem sentido, tem apenas propósitos passageiros e transitórios.

 

OS ESPAÇOS VAZIOS

 

A vida é plena de espaços vazios contendo o supra sumo das oportunidades. É no vazio que existe mais clareza. É no espaço vazio que se dialoga com o Criador, sendo atendido prontamente. É pegar ou largar. Nos emaranhados também estão sendo criadas as oportunidades, mas tem barreiras a mais para atravessar e alcança-las. Deve-se usar os espaços vazios do Criador com gratidão, paixão, amor e criatividade para se desenvolver a inteligência espacial, tal e qual um jogador de futebol constrói a jogada com velocidade e atenção para alcançar a beleza da perfeição. Os espaços vazios ainda não têm donos, é de quem chegar antes com as ferramentas certas para garimpar o ouro.

 

BAIXO CALIBRE

 

Pouco percebemos o quão pouco nos calibramos ou nos equilibramos, diante das incertezas do mundo interior. Há tanto esforço para que isso aconteça e há tanta energia desperdiçada nesta intenção, que mal nos atentamos para o distanciamento de nossos propósitos. Estamos sempre andando na corda bamba das horas. Estamos sempre com a respiração curta diante do desconhecido. Estamos sempre caindo e levantando. No entanto, algo em nós nos lembra da importância da estabilização, para que possamos digerir o aprendizado, aprender e aplicar as lições percebidas, para que pausemos diante da correria dos fatos afim de compreender melhor as circunstâncias. Calibrar é preciso.

O QUE ROSA ME ENSINOU

 

Bora ser feliz enquanto se pode, enquanto a vida nos permite existir no corpo, enquanto a energia vital ainda pulsa nos olhos para ver beleza em tudo e em todos, enquanto o sentido que demos à nossa vida ainda pode ser compartilhado. Bora ser feliz enquanto somos Rosa, feita de espinhos e pétalas, dependente de orvalhos e jardineiros, mas sem abdicar do perfume interior. Bora ser feliz, enquanto se tem tempo para refazer nossa jornada e reparar nossos erros, enquanto se consegue abrir o coração para pedir perdão por sermos tão humanos, enquanto existe consciência de que nossa alma é eterna e conhece os caminhos do infinito como ninguém. Bora ser feliz nos pequenos grandes momentos, ser pequenos diante da grandeza de Deus e de seu Universo, ser presente em cada momento de vida como se fosse o último. Bora ser feliz...bora Ser...bora...

 

O AVESSO DAS CONTRADIÇÕES

 

Toda contradição é pessoal. O que soa contraditório lá fora, para minha percepção, pode não ser contraditório para outras pessoas que possuem referências diferentes das minhas. Se uma pessoa diz uma coisa, mas faz outra, isso não é contradição, isso pode estar relacionado com defesas pessoais, desconfiança, medo de ser mal interpretado, mudança de percepção, reajuste às condições apresentadas, tentativa de impressionar alguém, descompromisso com o ouvinte, proteção contra pessoas que pensam diferente de si, enfim, tem tudo a ver com quem ouviu, mas percebeu outra realidade, diferente do anunciado. Se fui eu quem falou e agi de forma incoerente, a contradição em mim não soa como contradição.

O CORPO IGNORANTE E OPERANTE

 

Cada um no seu quadrado, cada um na sua bolha, cada um na sua cela mental, cada um na sua limitação, cada um na sua ilusão de estimação. Se o quadrado, a bolha, a cela, a limitação e a ilusão forem amplamente por si alimentados, eles terão raízes profundas na terra da ignorância, impedindo o crescimento para cima e estimulando o crescimento para as realidades inferiores. Sem se dar conta do que perdeu de valioso, aquele que se engessa numa crença por teimosia ou falta de consciência, acaba sendo reduzido a uma caricatura humanoide, impossibilitado de valorizar a própria vida ou de cultivar valores humanos ascendentes. Será um corpo se afundando e querendo arrastar consigo quem dele se aproximar.