Nosso
corpo não foi desenhado para conter o amor incondicional, mas cabe nele. É
usado para armazenar a agressividade e o amor humano, jamais o divino, embora a
ele busque no silêncio do desespero de quem perdeu as forças. Nosso corpo cabe
o mundo, mas não se ocupa do amor incondicional. Quando tentou contê-lo em si,
vazou em crucifixo. Quando dele alguém tenta se aproximar, vira no máximo amor
de mãe. O amor incondicional bem que tenta se aproximar, gerando tragédias para
nos compaixonar, mas pouco compadecemos de nós mesmos. Não tem fórmula
científica, não visita o osso das palavras, expira sem ser inspirado, foge
antes de ser avistado. Pergunte para Irmã Dulce. Foi ela quem chegou mais perto
de suas fronteiras. Depois de virar santo, não conta. Quero ver um cidadão com
contas a pagar, filhos famintos, desempregado, sentir amor incondicional. Quero
ver um milionário dirigindo uma Ferrari ao lado de uma modelo internacional,
com cinco anéis de diamante, ter tempo sequer de pensar em amor incondicional.
Nosso corpo tem orifícios indesejáveis, odores desagradáveis, pensamentos
irresponsáveis, dedos indicadores e dores por todos os lados. Nem sobra tempo
para falar do incondicional.
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