Sou de um tempo em que não
havia pressa na alma, as tardes pertenciam às famílias na calçada, a televisão
era uma caixinha inocente, andar no escuro era igual andar no claro dos
parques, os pardais brincavam entre si em bandos incontáveis, pais tinham
filhos e não cachorros, provas na escola determinavam quem passaria de ano,
frutas no quintal nem sonhavam que seriam substituídas no futuro por cimento e
tijolo. Sou de um tempo em que não havia maldade nos olhos, ganância nas
igrejas, política desumana e justiça injusta. Sou de um tempo em que se usava
relógio de pulso para aproveitarmos cada segundo de vida. O tempo passou, o
mundo mudou e eu fiquei de testemunha dos novos tempos.