terça-feira, 19 de novembro de 2024

O PASSADO É UM PARASITA FAMINTO

 

Ele já perdeu propósito e função. Teima em existir, pois que dele a morte se esquece. Habita não lugares, livros de sebo e pergaminho, trajetos repetitivos de quem parou de correr. Conhece quem teve e quem perdeu importância, insistindo em lembrá-los para ser relevante. Mal sabe que está desatualizado de futuro. Tem cheiro de ranço e ruinas, traços desencontrados, formas congeladas e gritos roucos. Apenas os Acadêmicos e os viciados em desalento o convocam para reuniões diárias. Bem que ele tenta sugar a vida que nos resta, ainda que a pressa o afaste rudemente. O passado é um parasita. Conhece o poder das distrações e promete reviver tudo com a mesma intensidade de outrora. Engana-se e nos engana também.


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