Aprendi a contar com
meus hominhos. Um, dois, três, quatro, seis, sete, nove, dez. Eram miniaturas
de superherois que exigi ganhar de presente para dormir sozinho no meu quarto.
Com o tempo, ganhei também um cobertor com estampa dos herois americanos; eu
que ainda não sabia onde ficava a América, mas acreditava ser uma terra mágica
atrás das estrelas do céu. No meio dos hominhos havia alguns indios verdes de
cabeleiras longas, e um tal de Apache, sempre em posição de luta; eu que nada
entendia de invasão de terras. Como eles
permaneciam imóveis com aquele olhar de plástico, eu lhes dava movimentos
bruscos. Só queria matar. Na verdade, queria mais era imitar os barulhos de
bombas, tiros, pancadas, facadas, tudo pelo fascínio de dar vida aos figurinos e
miniaturas de infância. Só descobrí mais tarde que eram eles que me davam vida,
naquele quarto solitário de filho único, onde eu transformava pensamentos em conquistas
heróicas, sem saber que era eu... o herói de mim mesmo.
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