quarta-feira, 4 de abril de 2012

RAIZ DA VIOLÊNCIA

Tudo tem começo, meio e fim dentro do espaço das percepções. A violência que tanto condenamos na sociedade tem seu início no lar e não na sociedade como nós acostumamos culpar, a não ser que você considere a sociedade formada por famílias. A sociedade é formada por grupos. O núcleo familiar é o berço onde aprendemos a lidar com o sentimento de raiva e de frustração quando as coisas não acontecem do nosso jeito.

A ignorância, a falta de educação, a falta de respeito, a brutalidade e o autoritarismo de certos pais são os únicos responsáveis pelo surgimento da revolta dentro do indivíduo. Quem está por cima acaba pisando na dignidade dos filhos, mesmo que isto não faça sentido. Sentir-se pisado, humilhado, diminuido, desrespeitado pelos pais é o suficiente para deixar marcas indeléveis na criança, a qual dará vazão aos seus sentimentos logo na adolescência. Se tiver más companhias, será instrumento da violência urbana.

Há um momento em que o jovem infrator precisa sentir bem a respeito de si mesmo, necessita sentir-se campeão, invencível, poderoso, para abandonar ou esquecer tantos momentos em que se sentiu frustrado. A arma em suas mãos lhe oferece este presente. As más companhias lhe atribuem um valor falso, mas convincente, de que ele é aceito num grupo que o equipa para tarefas vencedoras.

 Interiormente, o jovem infrator descarrega momentaneamente a sua raiva, sem perceber que agora a fera é ele mesmo, o animal em que se tornou vai ficar dependente daquela forma provisória de descarregar raiva. É assim que a violência adota nossos jovens nas grandes cidades ou nas comunidades em que não são valorizados. É assim que estes jovens vão esconder, em suas entranhas, a dificuldade que possuem de se enquadrar numa sociedade civilizada onde poderiam ter função. Um dia foram vítimas inocentes, agora têm o poder de tornar pessoas inocentes, fracas e desprotegidas em suas vítimas aleatórias.

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