segunda-feira, 9 de abril de 2012

HISTÓRIA E ESTÓRIAS


A palavra história ainda confunde muitos estudantes em seu significado, tanto pela pronúncia errada quanto pelos deslizes da fala. A palavra estória é a culpada deste conflito sonoro. As duas palavras são instrumentos usados em função do tempo, uma vez que registram o começo, o meio e o fim de algum evento real ou imaginário, bem como denunciam silenciosa ou abertamente o posicionamento de quem as passou para frente.

Estória é sempre vinculada aos verbos e à imaginação, narrando um evento e suas circunstâncias dentro de um determinado contexto. Ela brinca com o ouvinte ou leitor, provoca-o em sua capacidade de entendimento, surpreende-o com ideias mirabolantes e inesperadas, prende sua atenção com a energia do encantamento, serve-se da confusão e do mistério para imobilizar temporariamente o ouvinte e dele extrair comentários inteligentes ou complementares.

História é o registro sensorial de um momento que pediu para ser lembrado, tanto pela profundidade de quem a viveu, quanto pela necessidade de ser útil algum dia para outras pessoas que ainda nem nasceram. Sendo um registro da evolução humana no planeta Terra, a história é ferramenta valiosa no estudo das consequências de cada escolha humana nos níveis individual e coletivo, bem como é mantenedora de suas conquistas.

Dizer que toda estória é uma história ou vice versa pode criar algumas confusões a mais. A história pode ser contada em fragmentos, em imagens soltas, em episódios independentes, não sendo necessariamente narrada como estória. Ela também pode ser narrada como uma colcha de retalhos, unificando acontecimentos de datas diferentes. A maneira como ela é transferida é que vai emprestar características de estória a ela. Já a estória nem sempre aconteceu de verdade, embora às vezes tenha a força de personagens vivos e de lógicas inquestionáveis. Aliás, tudo é questionável tanto na história registrada quanto nas estórias contadas, pois ambas passaram pelos filtros de pessoas humanas tendenciosas e passíveis de erro. Quem predomina finalmente sobre todas elas é o mistério.






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