Se um estrangeiro recebe
ou conquista a chance de residir em outro país, ele compreende que a ele está
sendo dada uma série de oportunidades de progresso, com deveres e direitos a
serem observados, bastando para isso sua adaptação ao novo meio, de maneira que
ele nem passaria percebido como alguém indesejado. Chama-se a isso, acesso à
educação de valores com civilidade social. Se este mesmo estrangeiro chegar num
país, onde ele poderá conviver com um grupo maior de conterrâneos, o processo
de adaptação será dificultado pelas resistências internas e pela influência dos
que já estavam ali antes dele chegar, recusando-se parcialmente a aprender
novos hábitos e demonstrando certa incompreensão quanto à cultura a ser
adquirida, para poder fazer parte integral deste novo grupo social. Se este
mesmo indivíduo chegar num país, onde ele poderá conviver com um grupo de
quinhentos conterrâneos, naturalmente ele dará adeus à adaptação completa,
levando para este país o seus vícios de comportamento, chocando a população
estrangeira, inserindo nela hábitos indesejáveis, achando-se no direito de
alterar violentamente a paisagem social, sem atender ao respeito dos deveres estruturados
anteriormente a sua chegada e criando novos desafios de relacionamento. Neste
caso, o que moveu o cidadão a encontrar uma nova oportunidade partiu dele
mesmo, de sua força de vontade e capacidade pessoal, de sua motivação interior
para realizar os seus sonhos. Mesmo assim o processo apresenta-se lento como
aspecto inerente de uma adaptação estável e agregadora.
Fala-se muito em
mobilidade social no Brasil de 2012. Tudo foi e está sendo feito com motivações
completamente diferentes do exemplo citado, partindo direto do nada para o
terceiro caso citado acima. A população que se encontrava abaixo da linha de
pobreza foi transformada em consumidora num passe de mágica, trazendo consigo
todos os seus vícios de comportamento. É natural que sua realidade social,
baseada na injustiça e má distribuição de rendas, a acompanhará como valores
pessoais, levando-a a agir acima das leis, de forma gregária como elemento
obrigatório de sobrevivência, não por maldade, mas sim por desconhecer a
realidade dos grupos sociais de classes superiores. Movidos por um revanchismo
histórico, estão sendo manipulados e conduzidos à uma luta de classes sociais,
quebrando diariamente este tecido resultante de leis e costumes respeitados em
nome do bem comum. Chocam-se com aqueles que possuem alguma cultura, armam seus
barracos se não forem atendidos como eles pensam que devem, tomam o que não lhes
pertence quando se dão conta de que levarão muitos anos para adquirir bens
duráveis pelo trabalho cotidiano, espalham a violência urbana quando percebem
que o aparato policial é insuficiente e a violência rural quando encontram
respaldo em um governo populista demais com revés comunista, além de imporem à
sociedade como um todo suas emoções pessoais não trabalhadas pela
conscientização.
O Brasil de 2012 precisa
acordar logo para esta realidade que criou. Só assim os esforços dos
governantes poderão mudar de rumo e favorecer a educação em forma de mutirão,
para esta parcela da sociedade que se encontra perdida como se a nova vida
fosse um filme americano de bandidos e mocinhos. Mobilidade social sim, mas com
educação em massa, com orientação educativa, com preparação da população antes
de implementar qualquer mudança de alcance maior. Não adianta sermos a sexta
economia do mundo, com números facilmente manipuláveis pelo governo de plantão,
se a realidade das ruas mostra uma luta constante de valores entre os que se
beneficiam pela corrupção de alguns e os que defendem a vida onde ela estiver.