Quem anda
no desespero, vive os seus exageros, ausenta seus entretantos, espera o fogo
aceso, aumenta na casa os cantos, se vê sem o melhor tempero, faz caso mas não
faz conta, se isola por preconceito, rebate até os enfermos, discute com as
paredes, faz onda com a própria infância, esquece o que fez primeiro, meteu o
nariz na porta, falou com seu travesseiro, dormiu sem ser amada, caiu no
desfiladeiro, cantou o verso desfeito, trocou de alma em Janeiro, pediu água ao
retirante, deu espinho ao jardineiro, e mesmo que a todo instante, se passa
onde fica o porteiro, não sabe da missa um terço, conhece apenas o avesso e
antes que ouça a verdade, já fugiu meio de esgueio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário