quarta-feira, 17 de junho de 2015

GOSTO E DESGOSTO


Quem dera saber amar as pessoas mais próximas, doentes, sem ter que absorver nenhuma dor em nosso próprio corpo, sem consumir toda a nossa energia com a resistência de aceitar a realidade delas e sem sacrificar a nossa própria vida em nome deste conceito de amor. As pessoas que assim agem, não estão amando a si mesmas e só enviam mais dor em vez de amor, mais peso e culpa ao doente do que elas mesmas carregam ao querer salvar o mundo, mais tristeza e impotência de mudar o que é real por algum ideal de vida. Este distanciamento da realidade faz com que tudo se contraia dentro de nosso corpo físico, desde os ombros que parecem carregar o peso do mundo até as articulações de todo o corpo que experimentam todas as formas de resistência, por se afastarem da verdade de que pessoas doentes de certa forma criaram aquele estado, desistindo da própria vida. Amar é libertar. Libertar é aceitar o que o outro quer. Amar é estar com o que o outro quer, seja a companhia ou seja a morte. Amar é enviar o gosto pela vida sem absorver o desgosto de viver. A cura acontece dentro da aceitação e do amor libertador e não dentro da resistência.


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