Quem dera saber amar as pessoas mais próximas,
doentes, sem ter que absorver nenhuma dor em nosso próprio corpo, sem consumir
toda a nossa energia com a resistência de aceitar a realidade delas e sem
sacrificar a nossa própria vida em nome deste conceito de amor. As pessoas que
assim agem, não estão amando a si mesmas e só enviam mais dor em vez de amor,
mais peso e culpa ao doente do que elas mesmas carregam ao querer salvar o
mundo, mais tristeza e impotência de mudar o que é real por algum ideal de
vida. Este distanciamento da realidade faz com que tudo se contraia dentro de
nosso corpo físico, desde os ombros que parecem carregar o peso do mundo até as
articulações de todo o corpo que experimentam todas as formas de resistência,
por se afastarem da verdade de que pessoas doentes de certa forma criaram
aquele estado, desistindo da própria vida. Amar é libertar. Libertar é aceitar
o que o outro quer. Amar é estar com o que o outro quer, seja a companhia ou
seja a morte. Amar é enviar o gosto pela vida sem absorver o desgosto de viver.
A cura acontece dentro da aceitação e do amor libertador e não dentro da
resistência.
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