Sempre interrompemos com pensamentos a experiência que
teimava em acontecer. Ora com julgamentos, ora com distração, sempre retiramos
a prioridade da experiência e a trocamos por nada, ou por algo vazio, por
coisas tão insignificantes que as chamamos de coisas. Nossa vida passa a ser
uma sucessão de experiências interrompidas, querendo evitar sentimentos,
críticas, contatos. Queremos trocar o ócio pela inércia, a rotina pelo novo, a
atividade pela pessoa ou vice versa.
Ver e ficar com a realidade é uma arte. Demanda
coragem permanecer dentro do fogo dos sentimentos fulminantes, respirar dentro
da água fria da tristeza, sentir os pés firmes diante da ventania dos pensamentos.
Demanda neutralidade permanecer diante das injustiças sem conhecer o começo-o
meio- o fim de cada estória e sem indiferença. Demanda serenidade permanecer
atento sem dar atenção e sem criar tensão em cada evento que se distensiona
diante de outros eventos e do tempo.
Demanda alma permanecer diante das dores do corpo, sejam elas psicológicas ou
falsas ou cruéis. Ver e ficar com a realidade é a arte de se esvaziar de si.
Nenhum comentário:
Postar um comentário