Nada conhecemos por inteiro. Assim como visitamos
algumas cidades e afirmamos ter visitado um outro país, mesmo sabendo que
aquele país é muito mais do que o que foi visto, mesmo ignorando que estamos
apenas imaginando que aquele país seja uma extensão ou projeção do que vimos, assim
também nunca conhecemos uma pessoa por inteiro.
Conhecer o outro é um exercício de ausência de si para
que ele se manifeste e se revele naquilo que desconhecemos ainda. Mesmo que o
outro se esforce em se mostrar, a tarefa é hercúlea devido a tantos aspectos
existenciais. Conhecer é mais contemplar do que entender, é mais observar do
que traduzir. Conhecer é uma ilusão, pois o que é visto não tem eternidade nem
substância. Conhecer é ser capaz de ver
o que passa e imediatamente abrir espaço para o que estiver chegando a seguir,
a ponto de se dissolver no que se vê. Por isso conhecer é uma arte.
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