Por mais que a população mundial cresça, mesmo que
frequentemos grupos ou comunidades, participando ou pertencendo a alguma
agremiação, estamos sempre sozinhos. O nascimento e a morte expressam esta
verdade, pois eles acontecem também sem aceitação.
Essa busca desenfreada por sucesso, fama ou dinheiro é
baseada na necessidade de criar dependência para se fazer visto pelos outros.
As uniões de amor e de paixão também sinalizam este medo de deparar com a
verdade de que estamos sós. Cada um busca a imortalidade dentro de seus
próprios recursos. Teme-se muito entrar na vastidão interior, maior do que os
universos cósmicos, pois a verdade de que estamos sozinhos ali se manifesta
irrefutavelmente.
Por isso estar sozinho é uma arte. Conversar
naturalmente com os próprios fantasmas emocionais, desconstruir palavras e
conceitos, desacreditar nas crenças sem substituí-las, faz parte desta arte.
Aceitar as diferenças e conviver com elas faz parte desta arte. Saber
verdadeiramente que nada nos pertence é como dar um sôco na cara da ilusão.
Estar pronto a cada instante para a dissolução, como um rio corre para o mar pois
sabe que vai virar nuvem e a nuvem sabe que vai virar chuva e a chuva sabe que
vai virar correnteza, é saber que não adianta saber nada. O que vai acontecer,
acontecerá. Ficar sozinho é pré-requisito para estar sozinho. Estar sozinho,
com prazer, é passo natural no processo do despertar. A isso se chama solitude.
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